O Dr. Antuan Neder frisa que a alimentação intuitiva tem ganhado cada vez mais espaço nas conversas sobre saúde e bem-estar. Diferente das dietas restritivas e cheias de regras, essa abordagem propõe uma reconexão com os sinais naturais do corpo, promovendo uma relação mais saudável e equilibrada com a comida. Comer com liberdade e consciência significa escutar o próprio corpo, respeitar a fome e a saciedade, sem culpa ou regras externas que ditam o que é certo ou errado.
O que é alimentação intuitiva, afinal?
A alimentação intuitiva é uma filosofia alimentar baseada em princípios que incentivam a escuta interna, o respeito ao corpo e o prazer em comer. Criada pelas nutricionistas Evelyn Tribole e Elyse Resch, essa abordagem prega que todas as pessoas nascem com a capacidade natural de se alimentar de maneira intuitiva, mas que essa habilidade pode ser ofuscada por dietas e padrões sociais ao longo da vida. A proposta é resgatar essa escuta, sem culpa, sem proibições, e com atenção plena ao momento da refeição.
Além de rejeitar a mentalidade da dieta, a alimentação intuitiva valoriza o bem-estar físico e emocional. Ela não tem como objetivo principal o emagrecimento, mas sim a melhora da relação com a comida e com o corpo. Antuan Neder explica que comer intuitivamente significa se permitir desfrutar de todos os tipos de alimento, reconhecendo a importância da variedade e da nutrição, mas também do prazer e da saciedade emocional. Isso ajuda a quebrar o ciclo de compulsões, restrições e sentimento de culpa.
Como identificar os sinais de fome e saciedade?
Um dos pilares da alimentação intuitiva é a escuta dos sinais de fome e saciedade, que muitas vezes são ignorados ou reprimidos por hábitos e dietas rígidas. Aprender a reconhecer esses sinais requer prática e atenção plena. A fome real costuma aparecer de forma gradual e vem acompanhada de sensações físicas como estômago roncando, leve cansaço ou dificuldade de concentração. Já a saciedade se manifesta como uma sensação de conforto e plenitude, indicando que o corpo já recebeu o que precisava.

A prática da atenção plena (mindful eating) pode ser uma grande aliada nesse processo. Antuan Neder destaca que comer devagar, sem distrações, saboreando cada mordida, permite perceber melhor o momento em que o corpo começa a se satisfazer. Isso ajuda a evitar tanto o comer em excesso quanto o comer por impulso, criando uma experiência alimentar mais consciente e prazerosa. Com o tempo, essa conexão com o corpo se fortalece, tornando-se um guia confiável para as escolhas alimentares.
É possível comer com liberdade sem perder o controle?
Uma das principais dúvidas sobre alimentação intuitiva é se ela leva à perda de controle ou a escolhas alimentares “ruins”. Na verdade, o medo de perder o controle geralmente está associado à mentalidade restritiva, que gera um ciclo de compulsão e culpa. Quando todos os alimentos são permitidos e não existem alimentos “proibidos”, a tendência é que os excessos diminuam naturalmente, pois o desejo de “comer tudo antes que acabe” deixa de existir.
Ao permitir-se comer de tudo, a alimentação deixa de ser um campo de batalha e passa a ser um ato de autocuidado. Com o tempo, as escolhas se tornam mais equilibradas, não por obrigação, mas por desejo genuíno de se sentir bem. Isso não significa abrir mão da saúde ou da nutrição, mas sim construir uma base alimentar consistente, onde o prazer e o bem-estar caminham juntos. Antuan Neder menciona que a liberdade alimentar, quando aliada à consciência, traz mais leveza e equilíbrio ao dia a dia.
Liberdade com responsabilidade e escuta ativa
A alimentação intuitiva é um convite à reconexão com o próprio corpo e com a experiência de comer. Ela propõe uma nova forma de olhar para a comida: sem medo, sem culpa, e com respeito aos sinais internos. Não se trata de uma fórmula mágica ou de uma nova dieta, mas de um processo contínuo de autoconhecimento, prática e compaixão. Comer com liberdade e consciência é, acima de tudo, um gesto de cuidado consigo mesmo.
Autor: Pyppe Tand