A discussão sobre o novo marco regulatório brasileiro ganha profundidade quando observamos como outros países estruturaram seus sistemas de supervisão de criptoativos. Esse comparativo, analisado por especialistas como Paulo de Matos Junior, permite identificar boas práticas, erros cometidos em outras jurisdições e caminhos que podem tornar o Brasil uma referência no setor. O estudo de modelos internacionais revela que transparência, supervisão eficiente e clareza jurídica são elementos indispensáveis para o amadurecimento do mercado.
Estados Unidos: foco em proteção ao investidor e rigor jurídico
Nos Estados Unidos, a atuação conjunta da SEC e da CFTC criou um modelo fragmentado, porém extremamente rigoroso, que prioriza a proteção ao investidor e o combate a fraudes. O excesso de disputas judiciais, no entanto, gera incertezas e limita a inovação em alguns casos. Conforme Paulo de Matos Junior, o que o Brasil pode aprender com o modelo americano é o peso dado à responsabilidade das empresas e à clareza nas informações prestadas ao público.
União Europeia: o MiCA como exemplo de padronização e previsibilidade
A União Europeia avançou com o MiCA (Markets in Crypto-Assets), considerado um dos modelos mais completos e modernos. Ele estabelece um conjunto uniforme de regras para todos os países do bloco, garantindo previsibilidade e direitos claros para investidores e empresas. Para o mercado brasileiro, de acordo com Paulo de Matos Junior, a principal lição está na padronização: regras coesas fortalecem a confiança e reduzem custos regulatórios para empresas sérias.

Reino Unido: equilíbrio entre inovação e proteção sistêmica
O Reino Unido adotou uma abordagem que equilibra supervisão rígida com estímulos à inovação financeira. O modelo inclui sandboxes regulatórias, ambientes controlados de teste, que permitem que empresas experimentem soluções de forma segura. Conforme destaca Paulo de Matos Junior, esse mecanismo poderia inspirar o Brasil a criar espaços de experimentação regulada, incentivando startups e tecnologias emergentes sem comprometer a segurança.
Singapura: referência global em segurança e competitividade
Singapura construiu um dos ecossistemas cripto mais respeitados do mundo. Lá, as empresas passam por processos rigorosos de licenciamento, precisam cumprir regras de segregação de ativos e seguem protocolos rígidos de prevenção a ilícitos. O ambiente, altamente regulado e transparente, atrai players globais. Na visão de Paulo de Matos Junior, Singapura demonstra que a combinação entre rigor e clareza regulatória é capaz de impulsionar investimentos e fortalecer a reputação internacional do país.
Brasil: oportunidade de integrar as melhores práticas
Com a entrada em vigor da nova estrutura supervisora do Banco Central, o Brasil tem a oportunidade de adotar o que há de melhor nos modelos internacionais:
- O rigor americano na proteção ao investidor,
- A padronização europeia,
- O equilíbrio britânico entre segurança e inovação,
- E a eficiência singapurense no licenciamento das empresas.
Essa combinação pode consolidar o país como um polo de referência em criptoativos na América Latina. Para Paulo de Matos Junior, o aprendizado global indica que o sucesso do marco regulatório depende da capacidade de unir supervisão efetiva, padrões de transparência e estímulo contínuo à inovação.
Autor: Pyppe Tand