O setor imobiliário corporativo no Brasil vive um período de redefinição. Logo no início da análise, Alex Nabuco dos Santos destaca que a combinação entre mudanças econômicas, impactos da reforma tributária e novas formas de ocupação tem levado a um cenário de ajustes significativos no mercado de lajes corporativas. Esse movimento afeta tanto investidores quanto locatários e redefine estratégias em regiões de alta demanda, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Se por um lado há uma pressão crescente sobre contratos em áreas secundárias, por outro, os imóveis premium mantêm sua força, ainda que em meio a renegociações mais sofisticadas. A vacância, os custos adicionais trazidos pela nova alíquota de locação e as exigências de empresas cada vez mais criteriosas colocam o setor em uma fase de adaptação estrutural.
A vacância como indicador de mercado
A taxa de vacância é um dos principais termômetros do segmento corporativo. Nos últimos anos, a construção de novos empreendimentos somada à redução de demanda durante e após a pandemia ampliou a oferta em várias regiões. Hoje, segundo especialistas, os imóveis de padrão médio ou em localizações periféricas enfrentam dificuldades maiores para encontrar ocupantes.
Enquanto isso, as lajes premium em regiões estratégicas, como Faria Lima em São Paulo e Porto Maravilha no Rio, apresentam um cenário distinto. A baixa vacância permite que proprietários mantenham maior poder de barganha, mesmo diante de ajustes contratuais relacionados ao ambiente macroeconômico. Para Alex Nabuco dos Santos, essa diferenciação é essencial para entender o comportamento do setor: imóveis de altíssimo padrão resistem melhor aos ciclos de instabilidade.
Renegociações e ajustes contratuais
A perspectiva de aumento da carga tributária sobre contratos de locação corporativa a partir de 2026 acelera o movimento de renegociação. Até agora, muitas operações eram estruturadas via pessoas jurídicas patrimoniais, beneficiando-se de regimes como Lucro Presumido ou Simples Nacional. Com a chegada do IVA, a carga efetiva deve quase dobrar, impactando diretamente o custo para empresas locatárias.
Em regiões de vacância mais elevada, esse cenário limita o poder de repasse do novo tributo. Locadores terão de rever condições, oferecer descontos ou flexibilizar prazos para manter seus ativos ocupados. Já nas lajes premium, a escassez relativa de espaços qualificados deve permitir um repasse maior da carga adicional, preservando margens de rentabilidade.
O papel das lajes premium no novo ciclo
As lajes premium continuam a representar o núcleo de estabilidade e valorização no setor corporativo. Localizadas em regiões nobres, com infraestrutura robusta, certificações sustentáveis e diferenciais tecnológicos, elas atraem empresas que buscam associar sua imagem institucional a espaços de referência.
Segundo Alex Nabuco dos Santos, esse perfil de ativo deve continuar em evidência mesmo em períodos de ajustes, pois combina liquidez, prestígio e potencial de valorização. Além disso, a crescente exigência por ambientes sustentáveis e tecnologicamente avançados fortalece o diferencial competitivo desses empreendimentos.

Tendências de adaptação e inovação
A transformação do setor não se limita a ajustes tributários e renegociações. O avanço do modelo híbrido de trabalho trouxe novas exigências para espaços corporativos, demandando áreas flexíveis, hubs colaborativos e soluções de tecnologia integrada. Empresas que antes buscavam grandes metragens agora priorizam qualidade sobre quantidade, com espaços que favorecem produtividade, bem-estar e inovação.
Nesse sentido, incorporadoras e administradoras de edifícios estão investindo em retrofit, modernização e serviços adicionais para diferenciar seus ativos. Esse movimento é visto como resposta necessária à competição por locatários mais seletivos e atentos a questões de custo-benefício.
Investidores diante de novos desafios
A reconfiguração do mercado corporativo também impacta investidores. Se antes o foco estava apenas na valorização imobiliária e na renda previsível dos contratos de longo prazo, hoje é necessário incorporar análises sobre carga tributária, capacidade de repasse e dinâmica de vacância.
Investidores mais conservadores tendem a se concentrar nas lajes premium, que oferecem maior segurança e liquidez. Já aqueles dispostos a assumir riscos podem encontrar oportunidades em ativos secundários, com potencial de valorização em cenários de recuperação econômica e reocupação. De acordo com Alex Nabuco dos Santos, essa segmentação do perfil de investimento será cada vez mais evidente nos próximos anos.
Perspectivas para os próximos anos
O futuro do mercado corporativo aponta para um período de ajustes, mas também de oportunidades. A combinação de vacância seletiva, reforma tributária e novas formas de ocupação deve levar a uma reorganização do setor, em que apenas os empreendimentos mais qualificados terão condições de manter margens elevadas.
Ao mesmo tempo, a busca por sustentabilidade, tecnologia e flexibilidade cria espaço para inovação e diferenciação. Para Alex Nabuco dos Santos, os próximos anos exigirão visão estratégica tanto de investidores quanto de locatários, já que a escolha correta dos ativos e das condições contratuais poderá definir ganhos ou perdas em um ambiente competitivo.
Conclusão
O segmento corporativo vive uma fase de transição marcada por desafios e possibilidades. A vacância em áreas secundárias, as renegociações forçadas pela nova tributação e a redefinição de demandas empresariais mostram que o setor não é estático: ele se adapta continuamente.
Dentro desse cenário, as lajes premium seguem como referência de solidez, enquanto o restante do mercado busca alternativas para se manter atrativo. Em última análise, como ressalta Alex Nabuco dos Santos, os ajustes em curso não significam retração, mas um processo de reequilíbrio necessário, que tende a fortalecer o setor no médio e longo prazo.
Autor: Pyppe Tand